Reminiscências
- Aprovinciana
- 3 de jan. de 2018
- 1 min de leitura
O vento me bate a cara como lâminas cegas
pingando gotinhas de reminiscências,
como a dos olhos de vovó
enquanto contava histórias da bisa,
me fazendo emergir em oceanos negros.
Pingos de nove horas florescendo na calçada
crianças pulando corda no parquinho,
derretem em minha cabeça
como o algodão doce que dividia com meu irmão
nos mesmos roteiros repetidos de fim de tarde.
Gotinhas de sangue também pingam,
é uma lua coagulada que
jorra sangue uma vez por mês e se estende até as palavras de vovó
ao me dar um santo antônio para prevenir
uma futura previsão tão presente quanto passado.
E são esses os cacos que me incomodam,
há dias me cortam os pés e se enficam como versos
sempre que sentem a chuva bater na janela
molhando a roupa do varal
Fazendo escorrer esse pingo d’água que é o passado.
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